PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ENSINAMENTO NÃO DUAL texto por Adyashanti
Parte 1.1 – Sofrimento: identificação com a consciência egóica
Gostaria de oferecer explicações de forma simples e concisa sobre alguns dos fundamentos básicos desse ensinamento. Pois acho que uma das coisas mais importantes em qualquer ensinamento espiritual para qualquer um é ter realmente uma compreensão básica e simples do ensinamento. E a razão disso é porque quando alguém se envolve com ensinamentos espirituais, é muito fácil perder o básico, ou os fundamentos. Percebendo que os fundamentos do ensinamento espiritual são tão importantes, quis gravar este vídeo. Poderia então falar para vocês sobre o que são estes fundamentos.
Neste primeiro vídeo, quero falar sobre as bases do ensinamento. E num segundo vídeo, falarei sobre as explicações. Um tipo de ‘como usar’ o ensinamento. Mas é uma boa ideia começar com os fundamentos. Os fundamentos do ensinamento, na realidade, podem ser reduzidos a 4 pontos básicos. Em um desses princípios é que o sofrimento é causado pela identificação com a consciência egóica. E quando a gente se identifica com a consciência egóica, a gente se torna inconsciente de nossa verdadeira natureza, como Espírito Consciente. Então esse primeiro princípio diz que o sofrimento é causado por estar capturado em uma identificação com a consciência egóica.
A consciência egóica é onde a maioria das pessoas vivem quase todo o tempo. A humanidade está amplamente presa neste campo de consciência egóica, e isso é manifestado na forma que os seres humanos vivem suas vidas, tanto individual quanto coletivamente. Então, o mudo que a gente vê, o mundo humano que a gente vê, é uma manifestação do nosso estado de consciência coletiva. E porque o estado de consciência coletiva é largamente identificado com a estrutura egóica, então é isso que a gente vê, ao olharmos para o mundo humano, como agimos e nos comportamentos, e como nos relacionamentos conosco mesmos ou com os outros e com o mundo à nossa volta. Então, é muito, muito importante que eu veja e compreenda que este ato de estar
identificado com a consciência egóica é a raiz mínima que gera todo o sofrimento. E então esta pequena raiz de todo o sofrimento deve ser vista e examinada de perto.
E, como eu disse, quando estamos presos no estado egóico de consciência nós vamos estar como que adormecidos ou nos tornamos inconscientes, ou não cientes de nossa verdadeira natureza. E nossa verdadeira natureza é algo que chamo de Espírito Consciente. E ainda que eu dê o nome de Espírito Consciente nossa verdadeira natureza não é realmente algo que possa ser explicado em palavras ou definido por palavras, mas devemos usar as palavras em algum sentido.
O ensinamento espiritual é feito basicamente em palavras, ideias e conceitos. Eu uso estas palavras Espírito Consciente para indicar aquilo que é, o que verdadeiramente, e em realidade, somos. Então, o primeiro princípio básico real desse ensinamento é muito, muito importante de ser compreendido. Usualmente, atribuímos nosso sofrimento, nossos conflitos, a algo fora de nós. Atribuímos nosso sofrimento a outras pessoas, a situações que ocorrem fora de nós, à vida fora de nós, a todo tipo de influências externas, é usualmente o que nos causa sofrimento. Eu sofro porque a vida não está indo do jeito que eu queria, eu sofro porque não sou a pessoa que gostaria de ser; eu sofro por causa do passado na memória com a qual me identifico. Mas realmente, quando começamos a examinar de perto, começamos a ver que o sofrimento é realmente causado por nos identificarmos com certos padrões de pensamentos.
Parte 1.2 – O ego é uma ficção criada na mente
E isso nos traz ao segundo princípio. O ego, ele mesmo, é uma ficção criada na mente por padrões circulares de pensamentos baseados na separação. Então, o ego é uma ficção na mente. O que significa isso? O ego é, basicamente, uma sensação de ser pensamentos, ideias e crenças que circulam em volta desse sentimento do self, vão formando uma versão mais conceitual do nosso self. Em outras palavras, quem nós pensamentos e imaginamos ser. E quem nós pensamos e imaginamos ser é algo criado pela mente.
Como eu disse, a maioria dos seres humanos são completamente identificados
com essa imagem que tem de si próprios que está na mente. Então, essa imagem que tem de si próprios, que, por fim, não é nada mais que um padrão circular de pensamentos, baseada na separação. E este self, ou este ego, está sempre tentando encontrar a paz, encontrar a felicidade. E está, na maioria das vezes, insatisfeito com a paz que você julga estar procurando.
Porque qualquer paz, qualquer felicidade que o ego encontra é relativamente curta e nos escapa. Então, quando a gente chega ai isso é uma coisa muito, muito importante de ser examinada, de realmente olhar para dentro do seu sentido total de identidade. O que quer que seja esta identidade e começar a ver que essa identidade inteira é baseada num padrão de pensamento que circulam. O que significa que eles apenas se repetem de novo, e de novo, e de novo e de novo. E estes padrões de pensamentos são baseados na separação. Em outras palavras, a suposição que os seres humanos fazem é que eles são uma entidade individual e separada. O ‘eu’ como uma coisa totalmente separada e distinta de você e do mundo à sua volta. Seja a consciência ou não-consciência uma conclusão do ego, ela existe nessa imensidão da vida.
E ela é se sente separada dessa imensidão e em algum nível sente a imensidão como assustadora e ameaçadora. E, ainda assim, o ego está olhando para a vida e para cada um na vida tentando que o faça feliz. Então, nosso ego está sempre tentando encontrar a felicidade aonde ela não pode ser encontrada. Ninguém pode encontrar uma verdadeira felicidade que dure para sempre fora de si mesmo. O que quer que seja que você encontre fora de si mesmo pode ser-lhe tirado. E em algum momento vai lhe ser tirada porque é a natureza de tudo que existe. Tudo que você pode observar, tudo à sua volta é impermanente.
Isso é algo que Buda nos disse há 2500 anos atrás, que todos os fenômenos são impermanente, eles vão e vem. E então quando começamos a examinar, realmente como o nosso sentido de self é criado, realmente olhar para esta natureza de como o ego é criado, é muito, muito poderoso e muito importante para se fazer. Como eu disse, ao menos de uma maneira básica, o ego é uma criação da mente. Então quem você pensa que é, é apenas isso: quem você pensa que é. Aquele que você foi ensinado a acreditar que era. É um conglomerado de crenças sobre você mesmo de ideias, opiniões, julgamentos. Todas as maneiras através da quais a mente permanece pensando sobre nós mesmos. Pensando um self separado dentro da existência. Para algumas pessoas isso é uma surpresa.
Para algumas pessoas que estão vendo este vídeo comigo, elas nunca realmente consideraram que sua verdadeira natureza, quem, o que, elas realmente são, quem, o que, você realmente é uma coisa que vocês jamais vão encontrar em sua mente. O que você pensa a seu respeito, o que você pensa sobre os outros e sobre o mundo é apenas isso: é pensamento. E esse vício de pensar, esse vício de estar apegado, e mesmo, mais que apegado, identificado com o pensamento é a causa muito profunda do sofrimento.
Mas quando seu próprio ser repousa no centro de sua própria consciência, esse é o ponto para se começar. Não procure por algo fora de você. Não procure por paz, liberdade ou mesmo despertar espiritual em alguma coisa fora, em alguma outra coisa que não esteja em seu próprio ser. E não que você saiba quem você é. Esse é o passo mais importante. Nós temos que ter este desejo de questionar. Ter uma abertura para que talvez no centro que é você, realmente não é aquele que você está vendo que é. Pessoas envolvidas no caminho espiritual frequentemente criam um ego espiritual. E ego espiritual é basicamente um ego buscador.
E este ego espiritual ou buscador espiritual é preocupado como que está buscando. Quer ele esteja buscando Deus, ou iluminação, ou pela felicidade, auto realização, Deus.... paz. Mas quando a estrutura do ego toma uma imagem espiritual de si mesmo, então nos tornamos uma pessoa espiritual ou uma personalidade espiritual. Então somos o buscador. Tão logo nos tornamos um buscador, somos identificados por pensamentos e busca.
Que são padrões circulares de pensamentos que nos dizem que precisamos buscar algo e precisamos atingir alguma coisa para poder ser feliz e ser livre. Então, o segundo princípio desse ensinamento é que o ego é uma ficção. Criada pela mente, por um padrão circular de pensamentos baseados na crença que supõe que você seja separado. Separado da existência, separado de Deus, separado da paz, da felicidade, e do amor. É a estas coisas que precisamos estar atentos. Essa crença no ego é a grande causa dos conflitos e do sofrimento. E é a primeira ilusão que, realmente, a espiritualidade foi feita para despertar.
Espiritualidade é um ensinamento que te oferece a possibilidade de te libertar desse estado egóico de consciência e se torna toda uma maneira nova de compreensão de quem e o que você verdadeiramente é. Mas tudo isso começa com o desejo para questionar, parar por um momento e perceber que talvez você não seja o que você pensa que é aquilo que você imagina ser.
Quer você pense ser bom ou mau, preocupado ou não, espiritual ou não espiritual, buscador ou não buscador não importa como você define a si mesmo, qualquer sentimento de separação é uma ficção. Para se ter curiosidade o bastante para começar a questionar sua identidade mais profunda. É absolutamente vital e essencial para o despertar espiritual, e para alcançar a paz e a liberdade.
Parte 1.3 – Libertar-se da consciência egóica vem do despertar para sua verdadeira Consciência como Espírito Consciente
O terceiro princípio do ensinamento é que se libertar da consciência egóica vem do despertar para sua verdadeira consciência como espírito consciente. Então, toda nossa noção de liberdade e verdade na verdade depende de seu despertar dos estados egóicos de consciência para sua verdadeira natureza real como Espírito Consciente. As pessoas frequentemente acham que isso é difícil que leva muito tempo, e que tem que se esforçar muito para se libertar desse estado egóico de consciência.
Mas se você parar por um momento e relembrar o que é o ego que, na verdade, não há realmente um ego, como uma entidade, como uma coisa. Novamente, ego é apenas um tipo de padrão circular de pensamentos baseado na crença de uma separação. Então, ego não é nada mais que um padrão de pensamento. Um pensamento auto-referenciado. Desde que o ego nada mais é do que um padrão de pensamento ele pode ser muito forte e pode ser algo com o qual você se identifica durante muito, muito tempo. Mas desde que a estrutura do ego, da maneira como defino, ada mais é do que um padrão de pensamento, então significa a possibilidade de ser liberto desse padrão de pensamento. Certamente não é uma impossibilidade. E, na verdade, talvez seja muito mais fácil e muito mais imediato e muito mais acessível do que você jamais imaginou. Então, nesse terceiro princípio do ensinamento, que diz que a libertação da consciência egóica está baseada no despertar do ego para sua verdadeira natureza como Espírito Consciente. Então, vamos ver o que Espírito Consciente pode ser. Falamos antes sobre o que é o ego.
Ego é apenas estar viciado e apegado em pensamentos e no pensar. Agora, você não pode escapar dos pensamentos nem do pensar. Abandonar sua mente é um dos caminhos mais enganosos, no qual a mente mantém você sob seu domínio. A prática espiritual, em sua confusão, por milhares de anos tem tentado abandonar a mente, fazer a mente parar, tentam não pensar sobre algumas coisas, tentam fazer com que sua mente só preste atenção naquilo que se quer. Mas todos esses esforços, na realidade e em última instância falha, porque está baseada em um equívoco fundamental.
O equívoco é: porque é o apego à identificação com a mente que causa sofrimento, eles pensam que amente deve ser eliminada. Que se deve parar de pensar. Mas é essa a causa básica do sofrimento. A causa do sofrimento não é pensamento, mas a identificação com aquele que pensa. Isso é muito, muito importante de ser compreendido. Porque se você não compreender que é a identificação com aquele que pensa é o que realmente importa. Vou assumir que é o pensamento que é o problema. Então você vai gastar muito tempo e energia tentando fazer sua mente parar de pensar, tentar abandonar sua mente. Mas assim que você entender que o único dilema aqui é a identificação com o pensamento e a identificação é tudo o que você precisa observar. Então, o pensamento, a identificação com ele, cria uma sensação de separação e um sentido de ego. Agora, começamos a questionar tudo isso. Quando começamos a olhar tudo isso de alguma maneira, e começamos a ver a irrealidade que a mente está fazendo, você começa a ver que você não é a sua mente.
A mente é algo que acontece em você e que está pensando que alguma coisa está acontecendo naquilo que você é. Pensamento não define o que você é. O pensamento não define nada. O pensamento acontece naquilo que é você. E observar isso é um começo profundo da realização. Porque, quando você começa a perceber que o pensamento acontece naquilo que você é, a identificação acontece naquilo que você é.
Então você para de tentar abandonar o pensamento e compreende que você, o que você é, real e verdadeiramente, você tem que ser algo que não aquele que pensa, que não a mente. Você tem que ser algo diferente daquilo que o ego, daquela imagem de si que a mente cria porque a mente é algo que acontece em você. O pensamento acontece em você. Então, o que é este você real? O que é isto, onde o pensamento e a mente ocorrem, e para quem elas ocorrem? E, assim como se usa a ideia para falar disso, eu chamo sua verdadeira natureza de Espírito Consciente. A primeira palavra ‘Espírito’ é usada porque nossa verdadeira natureza é algo inefável. Em outras palavras, não é algo que você pode agarrar. Não é algo no qual você possa pensar. Não é algo que você possa tocar, provar ou sentir. Nossa natureza é realmente inefável. Porque ela não tem nenhum aspecto, nenhuma forma, esse é a razão porque a chamo de Espírito. Espírito é aquilo que existe, mas não possui um aspecto ou uma forma particular. Espírito Consciente é a coisa mais importante. Nós somos, todos conscientes, de alguma maneira. A questão é: do que somos conscientes? Como eu disse, muitas pessoas, suas consciências estão identificadas com e estão num estado de transe mental que cria o ego. Mas quando começamos a ver que a mente não define você, então naturalmente sua consciência volta-se para ela mesma. E o ser inefável que você é começa a se tornar consciente. Você é Espírito o tempo todo. Você é este Ser inefável.
Essa presença todo o tempo. Você é isso em todo e qualquer segundo de sua vida. Não há nem um momento em que você não seja o que você não é. Como você poderia ser o que não é? Você só pode realmente ser o que você verdadeiramente é. Nem pode parar de ser o que verdadeiramente é. Mas pode se tornar inconsciente disso. Ao se tornar inconsciente do que é então você se identifica com o ego. Então, quando a gente acorda, espiritualmente a gente chega à compreensão de que não somos a identidade que a mente criou, mas que somos na verdade Espírito. Neste momento, o Espírito se torna consciente de si mesmo. Ele se torna consciente de si mesmo como espírito, como um ser inefável. Como um tipo de Presença Consciente. A maioria das pessoas não teve este ensinamento de que ela são Presença Consciente. Que são Espíritos Conscientes.
A maioria das pessoas, a maioria de nós, nos ensinaram que somos uma pessoa particular, com uma história particular, antecedentes, com certos talentos, que temos um gênero, e todas essas coisas que usamos pra nos descrever. Mas a maioria das pessoas nunca cresceram com a noção de que, na verdade, você é Espírito Consciente. Essencialmente, você e eu e todos os seres, em todos os lugares, são Espírito Consciente, essa inefável Presença Consciência do Ser. E ainda, essa compreensão forma toda a fundação que a espiritualidade foi criada para te mostrar. Foi feita para te mostrar, para te despertar para sua verdadeira natureza. Para a verdade do seu ser. Então, o Espírito que você é se torna consciente. Quando ele se torna consciente, é isso que o despertar espiritual significa. Quando sua verdadeira natureza se torna consciente.
Parte 1.4 – Valores do Despertar (alguns dos valores inerentes à Verdade do Ser): Unidade, Liberdade, Paz, Gratidão, Amor.
Vamos agora para o quarto princípio. O quarto princípio deve lidar realmente com o que chamo de valores do despertar. E os valores do despertar não são sempre os mesmo como os valores morais. Nós todos sabemos ou fomos ensinados sobre os valores morais. Fazer isso ou aquilo. Isso não é bom, aquilo não é certo, isto e errado de se fazer. Outras coisas são boas de se fazer. Todos nós fomos ensinados sobre valores morais, mas não só sobre os valores morais, fomos ensinados sobre coisas na vida que também possuem valor. Como, por exemplo, estar à frente de outras pessoas, ser mais bem sucedido que os outros. Adquirir... fomos ensinados que o adquirir tem um alto valor, especialmente na sociedade americana, adquirir é um alto valor. Adquirir mais coisas, mais dinheiro, mais experiência, adquirir beleza, ou ficar insistindo nisso. É um grande valor na cultura ocidental. Diferentes culturas têm diferentes valores. Valorizam coisas diferentes e, ainda, possuem diferentes valores morais. Mas os valores do despertar não têm por base valores morais. Não tem por base o que deveria ou não deveria.
Os valores do despertar são valores que são inerentes ao Espírito Consciente. Quando você e eu despertamos para nossa verdadeira natureza como Espírito Consciente, nós também começamos a estar conscientes dos valores do despertar. O que o Espírito realmente valoriza?
Não como um novo tipo de valor moral, porque não é disso que estou falando, mas valões no sentido daquilo que o Espírito tem como valoroso. O que o Espírito tem como valoroso? Isso é muito importante, porque se não compreendermos o que o Espírito tem como de valor, tudo o que ficará para nós é o que o ego tem como valor. O que foi aprendido e o que falamos é o que vale. Não apenas como valor moral, mas valor em termo de vida, e o que supomos que se deva fazer na vida, questionar, ou seja, como nos mover. Porque é claro, cada ser humano, como ele se move, se comporta, é totalmente ditado pelo que se valoriza. Então como um contraste, egos valorizam coisas como competição, ser compreendido, ser amado. Alguns egos valorizam o ter controle, alguns egos valorizam se tornarem vítimas.
Alguns egos valorizam vitimizar. Alguns egos valorizam o julgamento e a condenação. Por fim, o que o ego valoriza não é outra coisa senão a separação. Todos os valores egóicos são valores baseados na separação e na continuidade da separação. Mas os valores vindos do despertar são um tanto diferentes. Os valores do despertar são inerentes ao Espírito Consciente. Estão lá para serem encontrados, descobertos. Esses valores estão como que carregados da verdade. A verdade é um grande valor que está no Espírito Consciente. Ser em Verdade. Ser a Verdade. Unidade é algo que o ponto de vista desperto considera valioso. Porque unidade é a verdade. A verdade é que em última instância existe apenas o Um. Toda essa diversidade que a gente vê, existe uma grande diversidade e um grande individualidade.
Mas, no fundo, a essência de tudo isso é Espírito Consciente. Espírito Consciente é aquilo que tudo É. Espírito é o que tudo É, Espírito é o que se expressa a si mesmo. Quando você olha a sua volta, o que você realmente vê são expressões do Espírito inefável. É isso o que você vê. Não importa o que você vê, não importa o que você experencia, é na verdade a manifestação do Espírito. E o Espírito é Uno. Não há nada em expressão que não seja manifestação do Espírito. Pode ser consciente, pode estar muito inconsciente, mas de qualquer forma é a expressão do Espírito. Então, Espírito desperto, Espírito Consciente valoriza esta unidade, valoriza o Uno, valoriza a Liberdade. Liberdade é: Espírito Consciente é livre. Então valoriza a liberdade. E não apenas para si mesmo, mas para todos os seres. Para todos. Valoriza... Espírito Consciente valoriza a Paz, Gratidão, Amor. Estes são alguns dos valores inerentes à Verdade do Ser. Essa é, realmente, a grande boa nova da espiritualidade. A grande novidade é que na essência de quem e o que nós somos há uma profundidade e fundamental bondade. Não há a bondade que nos foi ensinada. Não uma bondade moral que supõe uma maldade moral. Mas algo mais profunda. Uma bondade que é inerente àquilo que somos. O que não significa que quando você despertar para você mesmo como Espírito Consciente, que você se torna um tipo de santo. Porque todas essas ideias que temos sobre o despertar, na verdade estão distorcidas sobre aquilo que realmente é. Então temos que nos desfazer não apenas das ideias sobre nós mesmos, mas também todas as ideias sobre realização espiritual, iluminação, despertar espiritual, devemos deixar tudo isso ir. Então podemos descobrir o que é a verdade. Descobrir a realidade daquilo que somos. E por descobrir que os valores são inerentes, de forma consciente, nos tornamos Espírito Consciente, nos tornamos conectados com o modo como o Espírito se manifesta.
Quando você começa a compreender de que é Espírito, e mesmo profundamente começa realmente a se tornar Consciente dos valores que o Espírito reconhece como de valor, isso transforma todo seu modo de ser no mundo. Transforma seu jeito de se relacionar, de existir, o seu jeito de se mover através do seu dia. Porque, então, os valores espirituais te guiam. Não como ideias externas, algo externo a você, e que você tenta se tornar, mas algo que já é inerente àquilo que você é. E essa é a grande boa nova. E descobrir estas coisas é também uma grande boa nova. Então estes são os quatro princípios básicos do ensinamento.
No próximo vídeo, no vídeo número 2, chamado ‘Aplicação do Ensinamento’, falarei sobre como estes princípios que acabei de apresentar coo os aplicar, em termos, em forma nas quais os ensinamentos são usados como catalizadores para realização destes 4 princípios básicos. Em outras palavras, realizar, chegar a sua própria realização, seu próprio reconhecimento, seu próprio despertar para sua natureza como Espírito Consciente. Então, obrigado por desfrutar comigo e gostaria de
encorajá-lo a ver o próximo vídeo sobre a aplicação do ensinamento porque é muito importante que estes princípios não permaneçam como ideias na cabeça de ninguém, mas que realmente sejam aplicados, de alguma forma para que possamos utilizar estes ensinamentos de maneira prática. Então, eles vão te ajudar no despertar do estado egóico de consciência para sua natureza como Espírito Consciente. Obrigado por se divertir comigo e como sempre, que você desfrute de si mesmo!
PARTE 2 – APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS
Parte 2.1 – Você não é o que pensa, está além
Então quando você começa a entender que não é os pensamentos que tem sobre você mesmo, que eles são apenas condicionamentos que você aprendeu, que você não é os sentimentos que tem, as emoções que tem, as sensações que tem... tudo isso está acontecendo na espacialidade onde você está. Onde está você, então? No ponto mais profundo, se você o seguir, se você olhar para esta investigação, de uma forma muito sincera e meditativa, você atinge uma quietude, um silêncio, pois não existe uma resposta verbal a esta pergunta. Qualquer resposta verbal que surgir é a resposta errada. A resposta é algo que só pode acontecer na dimensão da consciência. Porque, quando você realmente olha, você começa a notar que você não é os pensamentos que tem sobre você, que você não é o que sente. Você começa a entender que você é a consciência onde tudo isso acontece. E isso é algo extraordinário e poderoso. E consciência, é claro, é apenas uma palavra para isso... Se você começar com a palavra consciência, você perde o ponto mais importante do ensinamento. Eu posso garantir a direção correta do conhecimento da experiência de quem você é. Está mais longe do que a palavra consciência.
Mas eu tenho que usar alguma palavra Consciência e a palavra Espírito, ambas as palavras, eu as uso porque o que eu e você somos não é uma coisa, nós não podemos agarrar, não podemos medir, nem cheirar, nem tocar isso. É inefável. E ainda assim, está presente.
Parte 2.2 Inquirição
Você não pode negar que a consciência está presente e funcionando nesse momento porque, mesmo que você negue que ela esteja presente, sua negação é a prova de que ela é verdade. É uma prova de que você ouviu minha questão. E isso só pode acontecer na consciência, por estar consciente. Então, esta questão, este inquirir pode te levar além da mente, não para a mente. Isso é importante, muito, muito importante. Quem ou o que você é? E você pode reconhecer isso, realizar isso bem aqui e bem agora, porque é apenas no agora que isso pode ser reconhecido. Não necessita nenhuma prática, não importa se você acabou e entrar na espiritualidade ou se esteve envolvido com a espiritualidade por anos e anos, até por década.
A disponibilidade de você despertar para sua verdadeira natureza como Espírito Consciente, está sempre disponível agora, nesse momento, em qualquer momento, mas sempre no agora. Não é o resultado de longos anos de prática. É o resultado de se ter um bom olhar, bem aqui e bem agora. Bem, esta inquirição pode ser feita de diferentes formas.
Uma outra forma que eu sugiro que as pessoas façam é apenas perguntar se é realmente verdade. Porque sua mente vai trazer mil variedades de coisas, a consciência egóica está sempre imaginando coisas e pensando coisas e se deixando influenciar por ideias e acreditando em opiniões que não são realmente verdadeiras. Depois de tudo, uma crença é apenas isso, uma crença. Não é a verdade. É apenas uma crença. E uma opinião é apenas isso, uma opinião. Sua mente tem uma opinião, mas não é realmente verdade. É apenas uma opinião. É só um pensamento que sua mente tem. Uma crença. É só um pensamento que sua mente tem. Não é realmente a verdade. É apenas um pensamento. E quando acreditamos nos pensamentos em nossa cabeça, que eles têm um valor intrínseco então estamos no estado de ilusão. Porque os pensamentos na sua cabeça podem ter uma utilidade prática na vida. Mas eles não nos dizem o que nós somos no final das contas, nem o que é verdade. Então, perceba isso: nada que você imagine, nenhuma crença ou opinião são por fim realmente verdade. Não significa que você não deveria ter uma crença ou uma opinião, você pode tê-las, mas ver que elas não são realmente verdadeiras pode ser muito, muito libertador.
A mente tende a se agarrar aos pensamentos e diz: Eu tenho que ter pensamentos. Eu tenho que ter crenças, tenho que ter opiniões para ser verdade. E por quê? Porque o estado egóico de consciência vive neste mundo de crenças, ideias e opiniões. Ideias, crenças e opiniões são o que as pessoas de todo mundo chamam de consciência.
É literalmente de onde você deriva sua visão de mundo. Em outras palavras, ideias, crenças e opiniões sobre si mesmo, os outros e o mundo são, literalmente, a matéria, a substância do estado e sonho, do estado egóico de consciência. E a causa de se estar desconectado da verdade de seu ser.
E da verdade dos outros seres, e da verdade da existência em si mesma. Então a inquirição pode ser usada em qualquer momento: Isso é realmente verdade? Essa crença que tenho é realmente verdade?
Eu realmente sei que isso é verdade, e não um pensamento, algo que assumi? Não seria apenas uma crença? E o que você veria se olhasse através disso? O que veria atrás do pensamento? E não se agarrar a outro? Isso é possível? De ver através do pensamento, através de uma crença, de um julgamento? Ou de uma reclamação? Sem se agarrar a uma outra nova. Eu digo que fazer assim é valiosamente importante para você e para todos os seres. Para aliviar o sofrimento e o desconforto. E para descobrir um novo e muito profundo estado de amor, compaixão e gratidão. E há amor, compaixão e gratidão, e há sabedoria, isso tudo pode sobrepujar sobre qualquer coisa que o pensamento possa criar. E a inquirição é o instrumento para acessá-los. Porém deve ser aplicado de uma forma bem precisa e simples.
Parte 2.3 – Viver Conscientemente
A terceira aplicação básica deste ensinamento é o que chamo de viver conscientemente. Viver conscientemente é aplicação do que falei no primeiro vídeo sobre os Princípios Básicos do Ensinamento. Viver conscientemente é aplicada a algo que chamo de valores do despertar. No primeiro vídeo, falei sobre os valores do despertar, mas passei de forma rápida sobre o que são. É mais fácil de vê-los em contraste com o que o estado egóico de consciência valoriza, o que ele encontra como valioso e vantajoso. O estado egóico de consciência está baseado na separação. E estar baseado na separação é ainda fundamentalmente baseado no medo. Os egos estão fundamentalmente baseados no medo. O ego vê a si mesmo como algo separado e distinto de outros egos e do mundo que o rodeia. E isso causa sofrimento do ego de estar separado e isolado e auto-existente, e de ter uma corrente subjacente de medo.
Porque o ego é uma pequena coisa existindo frente a este vasto, muito vasto universo. E isso pode causar o surgimento de certo medo. Então, o estado egóico de consciência valoriza a separação embora muitas vezes de forma inconsciente. E os valores conflitam, embora alguns egos acham que não são conflitantes, mas na verdade são. Os egos valorizam a vitimização, a culpa, o controle. Os egos por sua natureza têm muito, muito medo de abrir mão do controle. Abrir mão da manipulação. Pensam que se não controlam como alcançar o que quero, o que preciso? E ficar protegidos? Ou mesmo ainda pior, que todo o mundo de alguma forma saia de seu controle se parar de controlar tudo. O ego vê como valioso coisas e ideias e crenças que são enraizadas na separação. O que chamo de valores do ego, não estou necessariamente sugerindo os valores morais, mas o modo de ser que este estado de consciência considera valioso e necessário.
Então, em contraste a isso, os valores – de novo, não os valores morais, mas o que os existentes consideram como valioso em contraste aos valores do despertar. O que significa que aquilo que a consciência desperta ou o espírito, o que o Espírito Consciente tem como valioso. E o que o Espírito Consciente tem como valioso é a Veracidade.
A Verdade é tida como um grande valor. O que é real. O que é realmente real, ou qualquer situação, sobre qualquer coisa. O que é realmente real. Não o que pode ser minha opinião, ideia ou crença. Não o que eu possa afirmar como minha opinião naquele dia sobre o que é realmente. Isso é um profundo valor existente na consciência, no Espírito. Unidade, é outro valor no Espírito Consciente. Porque o Espírito Consciente vê que o espírito é a essência fundamental de toda a existência. E, portanto, toda a existência é por fim Unificada. É tudo da mesma substância, é tudo da mesma qualidade. E esse é, de verdade, o insight que nos dá uma grande apreciação da Unidade. E então, Consciência, o Espírito Consciente valoriza a Unidade. Também valoriza a liberdade. Não apenas para si, mas para toda a existência. Em outras palavras, o Espírito Consciente não sai por ai na vida recriminando e controlando todas as coisas e todas as pessoas.
Não valoriza subjugar ninguém. Valoriza a liberdade. Liberdade para tudo e para todos. Liberdade para seu próprio Ser e liberdade para todos os seres. Esse é um valor que está contido no Espírito Consciente. Paz é um outro. Se os seres humanos valorizassem verdadeiramente a paz, não só falando sobre, discursando sobre, mas na verdade se apropriasse do valor da paz, ele também agiria com esse valor, ele manifestaria isso na forma de agir e se mover na vida. E ainda que falemos sempre da paz, nós não agimos ou fazemos ou movemos de verdade dessa forma. E por que não? Bem não o fazemos porque não temos consciência da verdadeira essência da nossa existência.
É só quando temos a consciência da essência de nossa existência como Espírito Consciente, ele mesmo, então a paz naturalmente se torna um alto e verdadeiro valor para nós. Porque esse é um valor intrínseco ao Espírito, ele mesmo. Gratidão é outra, o apreciar daquilo que é. O apreciar da vida e da existência e todos e de tudo exatamente do modo como é. A partir do ponto de vista do Espírito Consciente, não há nada a mudar para que você seja feliz. Imagina isso! Da perspectiva do Espírito Consciente nada precisa mudar para que voe seja feliz. Do ponto de vista do ego, milhares de coisas precisam mudar para você ser feliz. O ego sempre pensa que o passado precisa ser diferente.
O presente certamente precisa ser diferente, e o futuro precisa ser diferente. Se tudo isso for diferente, só então o ego diz: Eu poderia ser feliz. Mas a partir do Espírito, felicidade e gratidão são inerentes à existência. Espírito Consciente é grato pelo que é. Ele reconhece o valor existencial da vida e da existência. É claro que outra coisa inerente ao Espírito, é claro, é o Amor. O Amor vem do conhecimento, da realização, da experiência da Unidade. Então, nós não somos diferentes, não estamos separados. Então somos únicos na manifestação humana. Mas essencialmente somos Um. E essa realização faz nascer um grande amor, um grande amor por todo o Ser e por todos os seres.
Uma grande intimidade com a vida, com a existência. Quando nós reconhecemos que a vida é uma grande manifestação daquilo que somos, da vida, ela mesma, a grandeza. A imensidão da vida é uma manifestação do seu ser inefável, como Espírito Consciente. Isso faz emergir um grande amor.
Uma grande e profunda intimidade. Uma proximidade, uma experiência de conhecer e sentir uma grande intimidade com cada momento de sua vida, e com cada ser que há nele. Esse amor é algo que o Espírito tem como um grande, grande valor. De novo, não um valor moral, mas como algo valioso. É uma manifestação, literalmente, de quem ou que você é. Então, se você pensa nos valores do despertar como uma manifestação de quem ou o que você realmente é: veracidade, unidade, liberdade, paz, gratidão, amor.
Na verdade, não coisas que você tem que se tornar. Isso é o como o ego vê mais é uma manifestação que literalmente brota do centro da trama do seu Ser. Então, despertar para o deixar tudo ser como é e inquirir quem e o que sou eu, realmente é essencial. E então, torna-se bem consciente. De novo, não aplicando de fora, mas descobrindo a partir de dentro, descobrindo esses valores, descobrindo que eles são na verdade inerentes a sua verdadeira natureza. Para realmente explorar a quietude e a inquirição a sua verdadeira natureza como Espírito, como Consciência, tem essa profundidade que eu chamo valores do despertar. E são esses valores, que ditam como o espírito, como o Espírito Consciente move e age e responde.
Ele se move na verdade, na unicidade e na liberdade e na paz e no amor. Esse é o terreno de onde ele se move. Ele não se move a partir do terreno da separação, medo e culpa e controle. Ele se move a partir do terreno da verdade, paz, liberdade, amor e gratidão. Mais uma vez, não são valores que o ego tem que tentar carregar, necessariamente. Isso.... Eu estou falando de algo que é inerente à sua verdadeira natureza. Está lá, esperando para ser descoberto e então vivido. Isso é o que chamo de viver conscientemente.
Então, você vive os valores que são inerentes ao Espírito mesmo. Isso se torna muito mais fácil quando você reconhece que o Espírito é essencialmente o que você é. E trona-se uma benção, não apenas para você, mas para todos os seres. Torna-se uma benção para este mundo! E isso é uma expressão da verdade, da vida verdadeira.
Então estas três são na verdade aplicações básicas do ensinamento. E, como eu disse no primeiro vídeo, a base é o importante. É o que as pessoas mais perdem. Todo mundo quer as coisas mais complicadas. Os ensinamentos mais sutis, e mesmo mais sutis que todos que eu apresentei nesse vídeo, do outro vídeo nos Princípios Básicos do Ensinamento. É o básico que é o mais importante. Tudo é como uma casa. Você tem que ter uma fundação da casa, senão a casa cai. E embora haja aplicações mais sutis do ensinamento, talvez até mais que os princípios mais sutis, os básicos são 98% do ensinamento. As pessoas têm uma pequena experiência espiritual e já pensam que é tempo de sair do básico. Mas eu posso dizer a vocês, nunca se sai do básico. Vocês nunca deixam a fundação, porque ela se encontra nesse básico.
Está nessas verdades fundamentais e princípios. De onde uma incrível profundidade de sutileza e uma profunda sabedoria e amor e realização espiritual está para ser encontrada. E então uma revelação da verdade e do segredo da existência que está sempre acontecendo pode ser encontrada nestes ensinamentos muito, muito básico. Então fique com o básico e você vai encontrar aquilo que pode te levar a um lugar que você nunca imaginou, se você aplicar com grande honestidade, grande integridade, intenção e amor.
Tradução: Equipe Ananda Shala
Transcrição: Vidya
Parte 1.1 – Sofrimento: identificação com a consciência egóica
Gostaria de oferecer explicações de forma simples e concisa sobre alguns dos fundamentos básicos desse ensinamento. Pois acho que uma das coisas mais importantes em qualquer ensinamento espiritual para qualquer um é ter realmente uma compreensão básica e simples do ensinamento. E a razão disso é porque quando alguém se envolve com ensinamentos espirituais, é muito fácil perder o básico, ou os fundamentos. Percebendo que os fundamentos do ensinamento espiritual são tão importantes, quis gravar este vídeo. Poderia então falar para vocês sobre o que são estes fundamentos.
Neste primeiro vídeo, quero falar sobre as bases do ensinamento. E num segundo vídeo, falarei sobre as explicações. Um tipo de ‘como usar’ o ensinamento. Mas é uma boa ideia começar com os fundamentos. Os fundamentos do ensinamento, na realidade, podem ser reduzidos a 4 pontos básicos. Em um desses princípios é que o sofrimento é causado pela identificação com a consciência egóica. E quando a gente se identifica com a consciência egóica, a gente se torna inconsciente de nossa verdadeira natureza, como Espírito Consciente. Então esse primeiro princípio diz que o sofrimento é causado por estar capturado em uma identificação com a consciência egóica.
A consciência egóica é onde a maioria das pessoas vivem quase todo o tempo. A humanidade está amplamente presa neste campo de consciência egóica, e isso é manifestado na forma que os seres humanos vivem suas vidas, tanto individual quanto coletivamente. Então, o mudo que a gente vê, o mundo humano que a gente vê, é uma manifestação do nosso estado de consciência coletiva. E porque o estado de consciência coletiva é largamente identificado com a estrutura egóica, então é isso que a gente vê, ao olharmos para o mundo humano, como agimos e nos comportamentos, e como nos relacionamentos conosco mesmos ou com os outros e com o mundo à nossa volta. Então, é muito, muito importante que eu veja e compreenda que este ato de estar
identificado com a consciência egóica é a raiz mínima que gera todo o sofrimento. E então esta pequena raiz de todo o sofrimento deve ser vista e examinada de perto.
E, como eu disse, quando estamos presos no estado egóico de consciência nós vamos estar como que adormecidos ou nos tornamos inconscientes, ou não cientes de nossa verdadeira natureza. E nossa verdadeira natureza é algo que chamo de Espírito Consciente. E ainda que eu dê o nome de Espírito Consciente nossa verdadeira natureza não é realmente algo que possa ser explicado em palavras ou definido por palavras, mas devemos usar as palavras em algum sentido.
O ensinamento espiritual é feito basicamente em palavras, ideias e conceitos. Eu uso estas palavras Espírito Consciente para indicar aquilo que é, o que verdadeiramente, e em realidade, somos. Então, o primeiro princípio básico real desse ensinamento é muito, muito importante de ser compreendido. Usualmente, atribuímos nosso sofrimento, nossos conflitos, a algo fora de nós. Atribuímos nosso sofrimento a outras pessoas, a situações que ocorrem fora de nós, à vida fora de nós, a todo tipo de influências externas, é usualmente o que nos causa sofrimento. Eu sofro porque a vida não está indo do jeito que eu queria, eu sofro porque não sou a pessoa que gostaria de ser; eu sofro por causa do passado na memória com a qual me identifico. Mas realmente, quando começamos a examinar de perto, começamos a ver que o sofrimento é realmente causado por nos identificarmos com certos padrões de pensamentos.
Parte 1.2 – O ego é uma ficção criada na mente
E isso nos traz ao segundo princípio. O ego, ele mesmo, é uma ficção criada na mente por padrões circulares de pensamentos baseados na separação. Então, o ego é uma ficção na mente. O que significa isso? O ego é, basicamente, uma sensação de ser pensamentos, ideias e crenças que circulam em volta desse sentimento do self, vão formando uma versão mais conceitual do nosso self. Em outras palavras, quem nós pensamentos e imaginamos ser. E quem nós pensamos e imaginamos ser é algo criado pela mente.
Como eu disse, a maioria dos seres humanos são completamente identificados
com essa imagem que tem de si próprios que está na mente. Então, essa imagem que tem de si próprios, que, por fim, não é nada mais que um padrão circular de pensamentos, baseada na separação. E este self, ou este ego, está sempre tentando encontrar a paz, encontrar a felicidade. E está, na maioria das vezes, insatisfeito com a paz que você julga estar procurando.
Porque qualquer paz, qualquer felicidade que o ego encontra é relativamente curta e nos escapa. Então, quando a gente chega ai isso é uma coisa muito, muito importante de ser examinada, de realmente olhar para dentro do seu sentido total de identidade. O que quer que seja esta identidade e começar a ver que essa identidade inteira é baseada num padrão de pensamento que circulam. O que significa que eles apenas se repetem de novo, e de novo, e de novo e de novo. E estes padrões de pensamentos são baseados na separação. Em outras palavras, a suposição que os seres humanos fazem é que eles são uma entidade individual e separada. O ‘eu’ como uma coisa totalmente separada e distinta de você e do mundo à sua volta. Seja a consciência ou não-consciência uma conclusão do ego, ela existe nessa imensidão da vida.
E ela é se sente separada dessa imensidão e em algum nível sente a imensidão como assustadora e ameaçadora. E, ainda assim, o ego está olhando para a vida e para cada um na vida tentando que o faça feliz. Então, nosso ego está sempre tentando encontrar a felicidade aonde ela não pode ser encontrada. Ninguém pode encontrar uma verdadeira felicidade que dure para sempre fora de si mesmo. O que quer que seja que você encontre fora de si mesmo pode ser-lhe tirado. E em algum momento vai lhe ser tirada porque é a natureza de tudo que existe. Tudo que você pode observar, tudo à sua volta é impermanente.
Isso é algo que Buda nos disse há 2500 anos atrás, que todos os fenômenos são impermanente, eles vão e vem. E então quando começamos a examinar, realmente como o nosso sentido de self é criado, realmente olhar para esta natureza de como o ego é criado, é muito, muito poderoso e muito importante para se fazer. Como eu disse, ao menos de uma maneira básica, o ego é uma criação da mente. Então quem você pensa que é, é apenas isso: quem você pensa que é. Aquele que você foi ensinado a acreditar que era. É um conglomerado de crenças sobre você mesmo de ideias, opiniões, julgamentos. Todas as maneiras através da quais a mente permanece pensando sobre nós mesmos. Pensando um self separado dentro da existência. Para algumas pessoas isso é uma surpresa.
Para algumas pessoas que estão vendo este vídeo comigo, elas nunca realmente consideraram que sua verdadeira natureza, quem, o que, elas realmente são, quem, o que, você realmente é uma coisa que vocês jamais vão encontrar em sua mente. O que você pensa a seu respeito, o que você pensa sobre os outros e sobre o mundo é apenas isso: é pensamento. E esse vício de pensar, esse vício de estar apegado, e mesmo, mais que apegado, identificado com o pensamento é a causa muito profunda do sofrimento.
Mas quando seu próprio ser repousa no centro de sua própria consciência, esse é o ponto para se começar. Não procure por algo fora de você. Não procure por paz, liberdade ou mesmo despertar espiritual em alguma coisa fora, em alguma outra coisa que não esteja em seu próprio ser. E não que você saiba quem você é. Esse é o passo mais importante. Nós temos que ter este desejo de questionar. Ter uma abertura para que talvez no centro que é você, realmente não é aquele que você está vendo que é. Pessoas envolvidas no caminho espiritual frequentemente criam um ego espiritual. E ego espiritual é basicamente um ego buscador.
E este ego espiritual ou buscador espiritual é preocupado como que está buscando. Quer ele esteja buscando Deus, ou iluminação, ou pela felicidade, auto realização, Deus.... paz. Mas quando a estrutura do ego toma uma imagem espiritual de si mesmo, então nos tornamos uma pessoa espiritual ou uma personalidade espiritual. Então somos o buscador. Tão logo nos tornamos um buscador, somos identificados por pensamentos e busca.
Que são padrões circulares de pensamentos que nos dizem que precisamos buscar algo e precisamos atingir alguma coisa para poder ser feliz e ser livre. Então, o segundo princípio desse ensinamento é que o ego é uma ficção. Criada pela mente, por um padrão circular de pensamentos baseados na crença que supõe que você seja separado. Separado da existência, separado de Deus, separado da paz, da felicidade, e do amor. É a estas coisas que precisamos estar atentos. Essa crença no ego é a grande causa dos conflitos e do sofrimento. E é a primeira ilusão que, realmente, a espiritualidade foi feita para despertar.
Espiritualidade é um ensinamento que te oferece a possibilidade de te libertar desse estado egóico de consciência e se torna toda uma maneira nova de compreensão de quem e o que você verdadeiramente é. Mas tudo isso começa com o desejo para questionar, parar por um momento e perceber que talvez você não seja o que você pensa que é aquilo que você imagina ser.
Quer você pense ser bom ou mau, preocupado ou não, espiritual ou não espiritual, buscador ou não buscador não importa como você define a si mesmo, qualquer sentimento de separação é uma ficção. Para se ter curiosidade o bastante para começar a questionar sua identidade mais profunda. É absolutamente vital e essencial para o despertar espiritual, e para alcançar a paz e a liberdade.
Parte 1.3 – Libertar-se da consciência egóica vem do despertar para sua verdadeira Consciência como Espírito Consciente
O terceiro princípio do ensinamento é que se libertar da consciência egóica vem do despertar para sua verdadeira consciência como espírito consciente. Então, toda nossa noção de liberdade e verdade na verdade depende de seu despertar dos estados egóicos de consciência para sua verdadeira natureza real como Espírito Consciente. As pessoas frequentemente acham que isso é difícil que leva muito tempo, e que tem que se esforçar muito para se libertar desse estado egóico de consciência.
Mas se você parar por um momento e relembrar o que é o ego que, na verdade, não há realmente um ego, como uma entidade, como uma coisa. Novamente, ego é apenas um tipo de padrão circular de pensamentos baseado na crença de uma separação. Então, ego não é nada mais que um padrão de pensamento. Um pensamento auto-referenciado. Desde que o ego nada mais é do que um padrão de pensamento ele pode ser muito forte e pode ser algo com o qual você se identifica durante muito, muito tempo. Mas desde que a estrutura do ego, da maneira como defino, ada mais é do que um padrão de pensamento, então significa a possibilidade de ser liberto desse padrão de pensamento. Certamente não é uma impossibilidade. E, na verdade, talvez seja muito mais fácil e muito mais imediato e muito mais acessível do que você jamais imaginou. Então, nesse terceiro princípio do ensinamento, que diz que a libertação da consciência egóica está baseada no despertar do ego para sua verdadeira natureza como Espírito Consciente. Então, vamos ver o que Espírito Consciente pode ser. Falamos antes sobre o que é o ego.
Ego é apenas estar viciado e apegado em pensamentos e no pensar. Agora, você não pode escapar dos pensamentos nem do pensar. Abandonar sua mente é um dos caminhos mais enganosos, no qual a mente mantém você sob seu domínio. A prática espiritual, em sua confusão, por milhares de anos tem tentado abandonar a mente, fazer a mente parar, tentam não pensar sobre algumas coisas, tentam fazer com que sua mente só preste atenção naquilo que se quer. Mas todos esses esforços, na realidade e em última instância falha, porque está baseada em um equívoco fundamental.
O equívoco é: porque é o apego à identificação com a mente que causa sofrimento, eles pensam que amente deve ser eliminada. Que se deve parar de pensar. Mas é essa a causa básica do sofrimento. A causa do sofrimento não é pensamento, mas a identificação com aquele que pensa. Isso é muito, muito importante de ser compreendido. Porque se você não compreender que é a identificação com aquele que pensa é o que realmente importa. Vou assumir que é o pensamento que é o problema. Então você vai gastar muito tempo e energia tentando fazer sua mente parar de pensar, tentar abandonar sua mente. Mas assim que você entender que o único dilema aqui é a identificação com o pensamento e a identificação é tudo o que você precisa observar. Então, o pensamento, a identificação com ele, cria uma sensação de separação e um sentido de ego. Agora, começamos a questionar tudo isso. Quando começamos a olhar tudo isso de alguma maneira, e começamos a ver a irrealidade que a mente está fazendo, você começa a ver que você não é a sua mente.
A mente é algo que acontece em você e que está pensando que alguma coisa está acontecendo naquilo que você é. Pensamento não define o que você é. O pensamento não define nada. O pensamento acontece naquilo que é você. E observar isso é um começo profundo da realização. Porque, quando você começa a perceber que o pensamento acontece naquilo que você é, a identificação acontece naquilo que você é.
Então você para de tentar abandonar o pensamento e compreende que você, o que você é, real e verdadeiramente, você tem que ser algo que não aquele que pensa, que não a mente. Você tem que ser algo diferente daquilo que o ego, daquela imagem de si que a mente cria porque a mente é algo que acontece em você. O pensamento acontece em você. Então, o que é este você real? O que é isto, onde o pensamento e a mente ocorrem, e para quem elas ocorrem? E, assim como se usa a ideia para falar disso, eu chamo sua verdadeira natureza de Espírito Consciente. A primeira palavra ‘Espírito’ é usada porque nossa verdadeira natureza é algo inefável. Em outras palavras, não é algo que você pode agarrar. Não é algo no qual você possa pensar. Não é algo que você possa tocar, provar ou sentir. Nossa natureza é realmente inefável. Porque ela não tem nenhum aspecto, nenhuma forma, esse é a razão porque a chamo de Espírito. Espírito é aquilo que existe, mas não possui um aspecto ou uma forma particular. Espírito Consciente é a coisa mais importante. Nós somos, todos conscientes, de alguma maneira. A questão é: do que somos conscientes? Como eu disse, muitas pessoas, suas consciências estão identificadas com e estão num estado de transe mental que cria o ego. Mas quando começamos a ver que a mente não define você, então naturalmente sua consciência volta-se para ela mesma. E o ser inefável que você é começa a se tornar consciente. Você é Espírito o tempo todo. Você é este Ser inefável.
Essa presença todo o tempo. Você é isso em todo e qualquer segundo de sua vida. Não há nem um momento em que você não seja o que você não é. Como você poderia ser o que não é? Você só pode realmente ser o que você verdadeiramente é. Nem pode parar de ser o que verdadeiramente é. Mas pode se tornar inconsciente disso. Ao se tornar inconsciente do que é então você se identifica com o ego. Então, quando a gente acorda, espiritualmente a gente chega à compreensão de que não somos a identidade que a mente criou, mas que somos na verdade Espírito. Neste momento, o Espírito se torna consciente de si mesmo. Ele se torna consciente de si mesmo como espírito, como um ser inefável. Como um tipo de Presença Consciente. A maioria das pessoas não teve este ensinamento de que ela são Presença Consciente. Que são Espíritos Conscientes.
A maioria das pessoas, a maioria de nós, nos ensinaram que somos uma pessoa particular, com uma história particular, antecedentes, com certos talentos, que temos um gênero, e todas essas coisas que usamos pra nos descrever. Mas a maioria das pessoas nunca cresceram com a noção de que, na verdade, você é Espírito Consciente. Essencialmente, você e eu e todos os seres, em todos os lugares, são Espírito Consciente, essa inefável Presença Consciência do Ser. E ainda, essa compreensão forma toda a fundação que a espiritualidade foi criada para te mostrar. Foi feita para te mostrar, para te despertar para sua verdadeira natureza. Para a verdade do seu ser. Então, o Espírito que você é se torna consciente. Quando ele se torna consciente, é isso que o despertar espiritual significa. Quando sua verdadeira natureza se torna consciente.
Parte 1.4 – Valores do Despertar (alguns dos valores inerentes à Verdade do Ser): Unidade, Liberdade, Paz, Gratidão, Amor.
Vamos agora para o quarto princípio. O quarto princípio deve lidar realmente com o que chamo de valores do despertar. E os valores do despertar não são sempre os mesmo como os valores morais. Nós todos sabemos ou fomos ensinados sobre os valores morais. Fazer isso ou aquilo. Isso não é bom, aquilo não é certo, isto e errado de se fazer. Outras coisas são boas de se fazer. Todos nós fomos ensinados sobre valores morais, mas não só sobre os valores morais, fomos ensinados sobre coisas na vida que também possuem valor. Como, por exemplo, estar à frente de outras pessoas, ser mais bem sucedido que os outros. Adquirir... fomos ensinados que o adquirir tem um alto valor, especialmente na sociedade americana, adquirir é um alto valor. Adquirir mais coisas, mais dinheiro, mais experiência, adquirir beleza, ou ficar insistindo nisso. É um grande valor na cultura ocidental. Diferentes culturas têm diferentes valores. Valorizam coisas diferentes e, ainda, possuem diferentes valores morais. Mas os valores do despertar não têm por base valores morais. Não tem por base o que deveria ou não deveria.
Os valores do despertar são valores que são inerentes ao Espírito Consciente. Quando você e eu despertamos para nossa verdadeira natureza como Espírito Consciente, nós também começamos a estar conscientes dos valores do despertar. O que o Espírito realmente valoriza?
Não como um novo tipo de valor moral, porque não é disso que estou falando, mas valões no sentido daquilo que o Espírito tem como valoroso. O que o Espírito tem como valoroso? Isso é muito importante, porque se não compreendermos o que o Espírito tem como de valor, tudo o que ficará para nós é o que o ego tem como valor. O que foi aprendido e o que falamos é o que vale. Não apenas como valor moral, mas valor em termo de vida, e o que supomos que se deva fazer na vida, questionar, ou seja, como nos mover. Porque é claro, cada ser humano, como ele se move, se comporta, é totalmente ditado pelo que se valoriza. Então como um contraste, egos valorizam coisas como competição, ser compreendido, ser amado. Alguns egos valorizam o ter controle, alguns egos valorizam se tornarem vítimas.
Alguns egos valorizam vitimizar. Alguns egos valorizam o julgamento e a condenação. Por fim, o que o ego valoriza não é outra coisa senão a separação. Todos os valores egóicos são valores baseados na separação e na continuidade da separação. Mas os valores vindos do despertar são um tanto diferentes. Os valores do despertar são inerentes ao Espírito Consciente. Estão lá para serem encontrados, descobertos. Esses valores estão como que carregados da verdade. A verdade é um grande valor que está no Espírito Consciente. Ser em Verdade. Ser a Verdade. Unidade é algo que o ponto de vista desperto considera valioso. Porque unidade é a verdade. A verdade é que em última instância existe apenas o Um. Toda essa diversidade que a gente vê, existe uma grande diversidade e um grande individualidade.
Mas, no fundo, a essência de tudo isso é Espírito Consciente. Espírito Consciente é aquilo que tudo É. Espírito é o que tudo É, Espírito é o que se expressa a si mesmo. Quando você olha a sua volta, o que você realmente vê são expressões do Espírito inefável. É isso o que você vê. Não importa o que você vê, não importa o que você experencia, é na verdade a manifestação do Espírito. E o Espírito é Uno. Não há nada em expressão que não seja manifestação do Espírito. Pode ser consciente, pode estar muito inconsciente, mas de qualquer forma é a expressão do Espírito. Então, Espírito desperto, Espírito Consciente valoriza esta unidade, valoriza o Uno, valoriza a Liberdade. Liberdade é: Espírito Consciente é livre. Então valoriza a liberdade. E não apenas para si mesmo, mas para todos os seres. Para todos. Valoriza... Espírito Consciente valoriza a Paz, Gratidão, Amor. Estes são alguns dos valores inerentes à Verdade do Ser. Essa é, realmente, a grande boa nova da espiritualidade. A grande novidade é que na essência de quem e o que nós somos há uma profundidade e fundamental bondade. Não há a bondade que nos foi ensinada. Não uma bondade moral que supõe uma maldade moral. Mas algo mais profunda. Uma bondade que é inerente àquilo que somos. O que não significa que quando você despertar para você mesmo como Espírito Consciente, que você se torna um tipo de santo. Porque todas essas ideias que temos sobre o despertar, na verdade estão distorcidas sobre aquilo que realmente é. Então temos que nos desfazer não apenas das ideias sobre nós mesmos, mas também todas as ideias sobre realização espiritual, iluminação, despertar espiritual, devemos deixar tudo isso ir. Então podemos descobrir o que é a verdade. Descobrir a realidade daquilo que somos. E por descobrir que os valores são inerentes, de forma consciente, nos tornamos Espírito Consciente, nos tornamos conectados com o modo como o Espírito se manifesta.
Quando você começa a compreender de que é Espírito, e mesmo profundamente começa realmente a se tornar Consciente dos valores que o Espírito reconhece como de valor, isso transforma todo seu modo de ser no mundo. Transforma seu jeito de se relacionar, de existir, o seu jeito de se mover através do seu dia. Porque, então, os valores espirituais te guiam. Não como ideias externas, algo externo a você, e que você tenta se tornar, mas algo que já é inerente àquilo que você é. E essa é a grande boa nova. E descobrir estas coisas é também uma grande boa nova. Então estes são os quatro princípios básicos do ensinamento.
No próximo vídeo, no vídeo número 2, chamado ‘Aplicação do Ensinamento’, falarei sobre como estes princípios que acabei de apresentar coo os aplicar, em termos, em forma nas quais os ensinamentos são usados como catalizadores para realização destes 4 princípios básicos. Em outras palavras, realizar, chegar a sua própria realização, seu próprio reconhecimento, seu próprio despertar para sua natureza como Espírito Consciente. Então, obrigado por desfrutar comigo e gostaria de
encorajá-lo a ver o próximo vídeo sobre a aplicação do ensinamento porque é muito importante que estes princípios não permaneçam como ideias na cabeça de ninguém, mas que realmente sejam aplicados, de alguma forma para que possamos utilizar estes ensinamentos de maneira prática. Então, eles vão te ajudar no despertar do estado egóico de consciência para sua natureza como Espírito Consciente. Obrigado por se divertir comigo e como sempre, que você desfrute de si mesmo!
PARTE 2 – APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS
Parte 2.1 – Você não é o que pensa, está além
Então quando você começa a entender que não é os pensamentos que tem sobre você mesmo, que eles são apenas condicionamentos que você aprendeu, que você não é os sentimentos que tem, as emoções que tem, as sensações que tem... tudo isso está acontecendo na espacialidade onde você está. Onde está você, então? No ponto mais profundo, se você o seguir, se você olhar para esta investigação, de uma forma muito sincera e meditativa, você atinge uma quietude, um silêncio, pois não existe uma resposta verbal a esta pergunta. Qualquer resposta verbal que surgir é a resposta errada. A resposta é algo que só pode acontecer na dimensão da consciência. Porque, quando você realmente olha, você começa a notar que você não é os pensamentos que tem sobre você, que você não é o que sente. Você começa a entender que você é a consciência onde tudo isso acontece. E isso é algo extraordinário e poderoso. E consciência, é claro, é apenas uma palavra para isso... Se você começar com a palavra consciência, você perde o ponto mais importante do ensinamento. Eu posso garantir a direção correta do conhecimento da experiência de quem você é. Está mais longe do que a palavra consciência.
Mas eu tenho que usar alguma palavra Consciência e a palavra Espírito, ambas as palavras, eu as uso porque o que eu e você somos não é uma coisa, nós não podemos agarrar, não podemos medir, nem cheirar, nem tocar isso. É inefável. E ainda assim, está presente.
Parte 2.2 Inquirição
Você não pode negar que a consciência está presente e funcionando nesse momento porque, mesmo que você negue que ela esteja presente, sua negação é a prova de que ela é verdade. É uma prova de que você ouviu minha questão. E isso só pode acontecer na consciência, por estar consciente. Então, esta questão, este inquirir pode te levar além da mente, não para a mente. Isso é importante, muito, muito importante. Quem ou o que você é? E você pode reconhecer isso, realizar isso bem aqui e bem agora, porque é apenas no agora que isso pode ser reconhecido. Não necessita nenhuma prática, não importa se você acabou e entrar na espiritualidade ou se esteve envolvido com a espiritualidade por anos e anos, até por década.
A disponibilidade de você despertar para sua verdadeira natureza como Espírito Consciente, está sempre disponível agora, nesse momento, em qualquer momento, mas sempre no agora. Não é o resultado de longos anos de prática. É o resultado de se ter um bom olhar, bem aqui e bem agora. Bem, esta inquirição pode ser feita de diferentes formas.
Uma outra forma que eu sugiro que as pessoas façam é apenas perguntar se é realmente verdade. Porque sua mente vai trazer mil variedades de coisas, a consciência egóica está sempre imaginando coisas e pensando coisas e se deixando influenciar por ideias e acreditando em opiniões que não são realmente verdadeiras. Depois de tudo, uma crença é apenas isso, uma crença. Não é a verdade. É apenas uma crença. E uma opinião é apenas isso, uma opinião. Sua mente tem uma opinião, mas não é realmente verdade. É apenas uma opinião. É só um pensamento que sua mente tem. Uma crença. É só um pensamento que sua mente tem. Não é realmente a verdade. É apenas um pensamento. E quando acreditamos nos pensamentos em nossa cabeça, que eles têm um valor intrínseco então estamos no estado de ilusão. Porque os pensamentos na sua cabeça podem ter uma utilidade prática na vida. Mas eles não nos dizem o que nós somos no final das contas, nem o que é verdade. Então, perceba isso: nada que você imagine, nenhuma crença ou opinião são por fim realmente verdade. Não significa que você não deveria ter uma crença ou uma opinião, você pode tê-las, mas ver que elas não são realmente verdadeiras pode ser muito, muito libertador.
A mente tende a se agarrar aos pensamentos e diz: Eu tenho que ter pensamentos. Eu tenho que ter crenças, tenho que ter opiniões para ser verdade. E por quê? Porque o estado egóico de consciência vive neste mundo de crenças, ideias e opiniões. Ideias, crenças e opiniões são o que as pessoas de todo mundo chamam de consciência.
É literalmente de onde você deriva sua visão de mundo. Em outras palavras, ideias, crenças e opiniões sobre si mesmo, os outros e o mundo são, literalmente, a matéria, a substância do estado e sonho, do estado egóico de consciência. E a causa de se estar desconectado da verdade de seu ser.
E da verdade dos outros seres, e da verdade da existência em si mesma. Então a inquirição pode ser usada em qualquer momento: Isso é realmente verdade? Essa crença que tenho é realmente verdade?
Eu realmente sei que isso é verdade, e não um pensamento, algo que assumi? Não seria apenas uma crença? E o que você veria se olhasse através disso? O que veria atrás do pensamento? E não se agarrar a outro? Isso é possível? De ver através do pensamento, através de uma crença, de um julgamento? Ou de uma reclamação? Sem se agarrar a uma outra nova. Eu digo que fazer assim é valiosamente importante para você e para todos os seres. Para aliviar o sofrimento e o desconforto. E para descobrir um novo e muito profundo estado de amor, compaixão e gratidão. E há amor, compaixão e gratidão, e há sabedoria, isso tudo pode sobrepujar sobre qualquer coisa que o pensamento possa criar. E a inquirição é o instrumento para acessá-los. Porém deve ser aplicado de uma forma bem precisa e simples.
Parte 2.3 – Viver Conscientemente
A terceira aplicação básica deste ensinamento é o que chamo de viver conscientemente. Viver conscientemente é aplicação do que falei no primeiro vídeo sobre os Princípios Básicos do Ensinamento. Viver conscientemente é aplicada a algo que chamo de valores do despertar. No primeiro vídeo, falei sobre os valores do despertar, mas passei de forma rápida sobre o que são. É mais fácil de vê-los em contraste com o que o estado egóico de consciência valoriza, o que ele encontra como valioso e vantajoso. O estado egóico de consciência está baseado na separação. E estar baseado na separação é ainda fundamentalmente baseado no medo. Os egos estão fundamentalmente baseados no medo. O ego vê a si mesmo como algo separado e distinto de outros egos e do mundo que o rodeia. E isso causa sofrimento do ego de estar separado e isolado e auto-existente, e de ter uma corrente subjacente de medo.
Porque o ego é uma pequena coisa existindo frente a este vasto, muito vasto universo. E isso pode causar o surgimento de certo medo. Então, o estado egóico de consciência valoriza a separação embora muitas vezes de forma inconsciente. E os valores conflitam, embora alguns egos acham que não são conflitantes, mas na verdade são. Os egos valorizam a vitimização, a culpa, o controle. Os egos por sua natureza têm muito, muito medo de abrir mão do controle. Abrir mão da manipulação. Pensam que se não controlam como alcançar o que quero, o que preciso? E ficar protegidos? Ou mesmo ainda pior, que todo o mundo de alguma forma saia de seu controle se parar de controlar tudo. O ego vê como valioso coisas e ideias e crenças que são enraizadas na separação. O que chamo de valores do ego, não estou necessariamente sugerindo os valores morais, mas o modo de ser que este estado de consciência considera valioso e necessário.
Então, em contraste a isso, os valores – de novo, não os valores morais, mas o que os existentes consideram como valioso em contraste aos valores do despertar. O que significa que aquilo que a consciência desperta ou o espírito, o que o Espírito Consciente tem como valioso. E o que o Espírito Consciente tem como valioso é a Veracidade.
A Verdade é tida como um grande valor. O que é real. O que é realmente real, ou qualquer situação, sobre qualquer coisa. O que é realmente real. Não o que pode ser minha opinião, ideia ou crença. Não o que eu possa afirmar como minha opinião naquele dia sobre o que é realmente. Isso é um profundo valor existente na consciência, no Espírito. Unidade, é outro valor no Espírito Consciente. Porque o Espírito Consciente vê que o espírito é a essência fundamental de toda a existência. E, portanto, toda a existência é por fim Unificada. É tudo da mesma substância, é tudo da mesma qualidade. E esse é, de verdade, o insight que nos dá uma grande apreciação da Unidade. E então, Consciência, o Espírito Consciente valoriza a Unidade. Também valoriza a liberdade. Não apenas para si, mas para toda a existência. Em outras palavras, o Espírito Consciente não sai por ai na vida recriminando e controlando todas as coisas e todas as pessoas.
Não valoriza subjugar ninguém. Valoriza a liberdade. Liberdade para tudo e para todos. Liberdade para seu próprio Ser e liberdade para todos os seres. Esse é um valor que está contido no Espírito Consciente. Paz é um outro. Se os seres humanos valorizassem verdadeiramente a paz, não só falando sobre, discursando sobre, mas na verdade se apropriasse do valor da paz, ele também agiria com esse valor, ele manifestaria isso na forma de agir e se mover na vida. E ainda que falemos sempre da paz, nós não agimos ou fazemos ou movemos de verdade dessa forma. E por que não? Bem não o fazemos porque não temos consciência da verdadeira essência da nossa existência.
É só quando temos a consciência da essência de nossa existência como Espírito Consciente, ele mesmo, então a paz naturalmente se torna um alto e verdadeiro valor para nós. Porque esse é um valor intrínseco ao Espírito, ele mesmo. Gratidão é outra, o apreciar daquilo que é. O apreciar da vida e da existência e todos e de tudo exatamente do modo como é. A partir do ponto de vista do Espírito Consciente, não há nada a mudar para que você seja feliz. Imagina isso! Da perspectiva do Espírito Consciente nada precisa mudar para que voe seja feliz. Do ponto de vista do ego, milhares de coisas precisam mudar para você ser feliz. O ego sempre pensa que o passado precisa ser diferente.
O presente certamente precisa ser diferente, e o futuro precisa ser diferente. Se tudo isso for diferente, só então o ego diz: Eu poderia ser feliz. Mas a partir do Espírito, felicidade e gratidão são inerentes à existência. Espírito Consciente é grato pelo que é. Ele reconhece o valor existencial da vida e da existência. É claro que outra coisa inerente ao Espírito, é claro, é o Amor. O Amor vem do conhecimento, da realização, da experiência da Unidade. Então, nós não somos diferentes, não estamos separados. Então somos únicos na manifestação humana. Mas essencialmente somos Um. E essa realização faz nascer um grande amor, um grande amor por todo o Ser e por todos os seres.
Uma grande intimidade com a vida, com a existência. Quando nós reconhecemos que a vida é uma grande manifestação daquilo que somos, da vida, ela mesma, a grandeza. A imensidão da vida é uma manifestação do seu ser inefável, como Espírito Consciente. Isso faz emergir um grande amor.
Uma grande e profunda intimidade. Uma proximidade, uma experiência de conhecer e sentir uma grande intimidade com cada momento de sua vida, e com cada ser que há nele. Esse amor é algo que o Espírito tem como um grande, grande valor. De novo, não um valor moral, mas como algo valioso. É uma manifestação, literalmente, de quem ou que você é. Então, se você pensa nos valores do despertar como uma manifestação de quem ou o que você realmente é: veracidade, unidade, liberdade, paz, gratidão, amor.
Na verdade, não coisas que você tem que se tornar. Isso é o como o ego vê mais é uma manifestação que literalmente brota do centro da trama do seu Ser. Então, despertar para o deixar tudo ser como é e inquirir quem e o que sou eu, realmente é essencial. E então, torna-se bem consciente. De novo, não aplicando de fora, mas descobrindo a partir de dentro, descobrindo esses valores, descobrindo que eles são na verdade inerentes a sua verdadeira natureza. Para realmente explorar a quietude e a inquirição a sua verdadeira natureza como Espírito, como Consciência, tem essa profundidade que eu chamo valores do despertar. E são esses valores, que ditam como o espírito, como o Espírito Consciente move e age e responde.
Ele se move na verdade, na unicidade e na liberdade e na paz e no amor. Esse é o terreno de onde ele se move. Ele não se move a partir do terreno da separação, medo e culpa e controle. Ele se move a partir do terreno da verdade, paz, liberdade, amor e gratidão. Mais uma vez, não são valores que o ego tem que tentar carregar, necessariamente. Isso.... Eu estou falando de algo que é inerente à sua verdadeira natureza. Está lá, esperando para ser descoberto e então vivido. Isso é o que chamo de viver conscientemente.
Então, você vive os valores que são inerentes ao Espírito mesmo. Isso se torna muito mais fácil quando você reconhece que o Espírito é essencialmente o que você é. E trona-se uma benção, não apenas para você, mas para todos os seres. Torna-se uma benção para este mundo! E isso é uma expressão da verdade, da vida verdadeira.
Então estas três são na verdade aplicações básicas do ensinamento. E, como eu disse no primeiro vídeo, a base é o importante. É o que as pessoas mais perdem. Todo mundo quer as coisas mais complicadas. Os ensinamentos mais sutis, e mesmo mais sutis que todos que eu apresentei nesse vídeo, do outro vídeo nos Princípios Básicos do Ensinamento. É o básico que é o mais importante. Tudo é como uma casa. Você tem que ter uma fundação da casa, senão a casa cai. E embora haja aplicações mais sutis do ensinamento, talvez até mais que os princípios mais sutis, os básicos são 98% do ensinamento. As pessoas têm uma pequena experiência espiritual e já pensam que é tempo de sair do básico. Mas eu posso dizer a vocês, nunca se sai do básico. Vocês nunca deixam a fundação, porque ela se encontra nesse básico.
Está nessas verdades fundamentais e princípios. De onde uma incrível profundidade de sutileza e uma profunda sabedoria e amor e realização espiritual está para ser encontrada. E então uma revelação da verdade e do segredo da existência que está sempre acontecendo pode ser encontrada nestes ensinamentos muito, muito básico. Então fique com o básico e você vai encontrar aquilo que pode te levar a um lugar que você nunca imaginou, se você aplicar com grande honestidade, grande integridade, intenção e amor.
Tradução: Equipe Ananda Shala
Transcrição: Vidya
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