Pular para o conteúdo principal

A inquirição silenciosa - Satsang com Mooji

A inquirição silenciosa - Satsang com Mooji

 
Trechos do Satsang São Lourenço (MG), em Março de 2008
Transcrição - Veetshish Om


Pergunta – Mestre, essa não-mente que o senhor fala, seria o fluir da
intuição, justamente algo diferente; como o Eu Sou, o que estou perguntando.
Mooji - Isto que não é esta mente, não é um outro tipo de mente.
É como se fosse um espaço, mas eu não quero dar uma imagem a isso,
porque a mente em si, ela rapidamente dá uma imagem a algo que não tem uma
imagem. A única coisa que eu posso falar seria: tudo que você percebe é um
pensamento, sensação, emoção, sentimentos, objetos, o que você chama de mente,
memórias, qualquer coisa que é percebida, não pode existir sem você que os
percebe.

Isto é um ponto muito simples, um senso comum. Você não deve pensar
que é algo complexo, ou profundo. No momento em que você entende o que eu
falei, você vai ver o quão simples é.
Você está observando todas estas coisas. Então experimenta quem você
é, experimenta quem percebe todas as coisas. Pode você, que está observando todo
o resto, pode você ser observado? Tente ver. O que é você? Não pense sobre isso.
Olhe, encontre!

É tão fácil simplesmente perder esta oportunidade. Eu me pergunto se
você entende a profundidade desta oportunidade. Poucas pessoas percebem. Esta é
a descoberta mais alta que você pode fazer. Porque põe um fim à separação.
E talvez a gente esteja ainda investindo em separação. A sua mente
ainda está investindo em separações. E enquanto a sua mente ainda está investindo
em separações, você está na roda da existência. Enquanto sua mente está ainda
investindo em separação, e você está investindo na mente, você não vai conhecer a
liberdade completa.
Talvez você nem queira! Porque se você estiver tão profundamente
hipnotizada com a associação com a mente, o que estou falando não vai ter
interesse pra você.
Pergunta - E esse sem-esforço, de onde vem? Como se percebe este
sem-esforço?

Você pergunta de onde a falta de esforço vem, mas você deve entender
que todo o esforço surge do não-esforço. A falta de esforço é estável, o esforço é
instável. O esforço é variável. A falta de esforço é constante.
E você é esta falta de esforço.
Mas se você usa sua mente para aceitar o que eu estou falando, a mente
diz: mas como eu posso achar esta falta de esforço? Qual é o esforço certo para ser
sem esforço? Quando você observa esta resposta que vem vindo da mente, mas
você não se identifica com a mente, não compra esta sugestão, se mantém quieta,
observe que isto é mais só um pensamente. Deixe o pensamento acontecer. Mas
não entre em nenhuma relação com isso. Então, qual será sua experiência?
Sua experiência é que nada te toca. Você não consegue se achar como
um objeto fenomenológico. Você não é um fenômeno. Você é a testemunha do
fenômeno.

Você entende isso, você vê isso? Isso é direto. Você não tem que ir a
uma universidade pra aprender isso. Você não tem que ir morar numa caverna pra
entender isso, você não tem que ser iniciado pra entender isso. Você não tem que
recitar nenhum mantra pra saber disso. Essa é a verdade indissolúvel e
transparente.
Quem é você? Você pode escrever algo sobre você que seja verdade, na
luz do que estou compartilhando com você? Você pode ser descrito? Ou você é
aquilo que percebe aquela descrição?
************

Mooji - Dizem que a coisa mais simples é a mais difícil de ser
reconhecida. O que está longe é o mais fácil de ver. Aquilo que é o mais íntimo
não pode ser visto. E a verdade está mais próxima do que a intimidade. Como e
por quem pode ser vista? Algo diferente da verdade?
A maioria das pessoas quer um tipo de experiência porque quando você
tem uma experiência, você pensa: algo especial aconteceu. Mas aquele que é
verdadeiramente livre está além da experiência. Eles experimentam a experiência.
Vocês entendem o que estou falando?
Aquele que testemunha a experiência, pode aquele ser experimentado?
Você está absorvendo a pergunta, ou você está só ouvindo mentalmente? Existe
coragem para convidar esta pergunta pra dentro do coração?
Você tem que ter a coragem do Buda. E o que é esta coragem do Buda?
Esta pergunta é como uma granada. A coragem do Buda é aquele que vai para um
lugar quieto com esta pergunta, que é uma granada, e tira o pino. Quem entende
isso?

Se você se identificar com a mente, você vai deixar a mente escapar,
porque você tem medo da possibilidade deste descobrimento. Mas por que você
deveria ter medo de descobrir aquilo que você já é? É tão tolo assim.
Não escute somente mentalmente. Aceite dentro de você.
Eu fiz pergunta a vocês, mas eu não quero nenhuma resposta. Porque a
maioria das respostas vem da mente. Fiz a pergunta. Coloquei esta pergunta como
uma granada na sua mão. Você vai puxar o pino?
Pergunta - Pode repetir a pergunta?
Mooji - Você vê tudo. Tudo o que você vê e experimenta no mundo,
tudo o que está preso na sua mente, tudo o que você percebe ser importante neste
mundo, incluindo a idéia que você tem de você mesmo, tudo isso está sendo
guardado na sua memória, existe somente em você.
Você pode acreditar que existe dentro de cada um, mas em cada pessoas
isso existe de forma única como uma percepção subjetiva. Então, você é o centro
do seu universo.
Você é experiência do seu universo. Então, quem é você? Quem é você
que percebe todas essas coisas?
Se tem um sentimento dentro de você que o está perturbando, pode este
sentimento estar dentro de você sem você, pode existir sem você que o percebe?
Mesmo a mudança mais sutil que acontece dentro de você, você é o está
consciente desta mudança.

Quem ou o que é você?
Você pode ser visto?
Você pode se apresentar?
Qual sua forma?
Você tem desejos?
Você tem data de nascimento?
Você tem um signo?
Aquilo que vê todo o resto...
Olhe e veja! Você pode passar os próximos 10 anos fazendo isso, mas
você também pode achar em 10 segundos. Você escolhe.

O que acontece com você quando você olha através desta pergunta?
Eu não quero sua resposta mental. Ela não é fresca. Ela é velha.

Transcrição Veetshish Om


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quem sou eu? Texto por Sri Ramana Maharshi

Quem sou eu?               Sri Ramana Maharshi (oferecido por Felipe Ubaldo)    Eu não o corpo físico, composto de sete humores (dhatus). Eu não sou os cinco sentidos (audição, toque, visão, paladar e olfato), que apreendem seus objetos respectivos (som, sensação, forma, gosto e cheiro). Eu não sou os cinco órgãos da ação: fala, locomoção, manipulação, excreção e procriação, com suas respectivas funções (falar, movimentar, segurar, expelir e desfrutar). Eu não sou as cinco energias vitais (prana, etc), que executam as cinco funções de inspiração, etc. Eu não sou nem mesmo a mente que pensa. Eu não sou o estado de incognoscibilidade, no qual restam apenas as impressões residuais dos fenômenos, e no qual não há nem fenômenos nem atividade. Se eu não sou nada disso, então quem sou eu?    Depois de negar tudo o que foi mencionado como “não isto”, aquela Consciência que permanece por si só – eu sou Aquilo. Qual a natureza da Consciência?    A na

A AUSÊNCIA DE DESEJOS, A MAIOR BEM-AVENTURANÇA - Texto por NISARGADATTA MAHARAJ

A AUSÊNCIA DE DESEJOS, A MAIOR BEM-AVENTURANÇA Texto por NISARGADATTA MAHARAJ Pergunta: Encontrei-me com muitas pessoas realizadas, mas nunca com um homem liberado. Você já conheceu algum homem liberado, ou a liberação significa, entre outras coisas, abandonar também o corpo? Maharaj: O que você entende por realização e liberação? P: Por realização quero dizer uma experiência maravilhosa de paz, bondade e beleza, quando o mundo faz sentido e há uma unidade que a tudo permeia de substância e essência. Apesar de tal experiência não durar, não pode ser esquecida. Brilha na mente como recordação e desejo. Sei do que estou falando porque tenho tido tais experiências. Por liberação quero dizer estar permanentemente neste estado maravilhoso. O que pergunto é se a liberação é compatível com a sobrevivência do corpo. M: O que está errado com o corpo? P. O corpo é muito débil e de breve duração. Cria necessidades e desejos. Limita-nos dolorosamente. M: E daí? Que as expressões físicas sejam l

Morte e Renascimento - Texto por Ramana Maharshi

Morte e Renascimento - Texto por Ramana Maharshi Em nenhum outro ponto Ramana mostrou mais claramente que a teoria deve ser adaptada ao nível da compreensão do buscador do que quando ele respondia perguntas sobre a morte e renascimento. Para aqueles que eram capazes de compreender a teoria não dualista em sua forma pura ele apenas explicava que esta pergunta não surge, pois como o ego não tem uma existência real agora, também não o terá após a morte. P: As ações de uma pessoa nesta vida afetam os seus nascimentos futuros? R.: Você nasceu? Por que você se preocupa com nascimento s futuros? A verdade é que não existe nascimento e nem morte. Que aquele que nasceu pense sobre a morte e outros consolos para ela. P.: A doutrina Hindu da reencarnação é correta? R.: Não é possível dar uma resposta definitiva. No Bhagavad Gita, por exemplo, até a presente encarnação é negada. P.: A nossa personalidade não é sem começo? R.: Primeiro descubra se ela existe e depois faça a pergunta. Tanto os