A NATUREZA DO HOMEM - TEXTO POR RAMANA MAHARSHI 💜
Pergunta: O Bhagavan muitas vezes diz: “o mundo não é exterior a você” ou, “tudo depende
de você”, ou “o que existe fora de você?” Para mim isso tudo é muito enigmático. O
mundo existia antes de eu nascer e vai continuar a existir depois da minha morte, assim
como continuou a existir depois da morte tantos que viveram antes de mim.
B.: Alguma vez eu disse que o mundo existe por sua causa? Eu apenas lhe coloquei a
questão ‘o que existe além de você mesmo?’ Você deve compreender que ‘você mesmo’
não se refere ao corpo físico nem ao corpo sutil, mas ao Eu Real.
O que lhe foi dito é que uma vez que você conheça o Eu Real dentro do qual todas as
ideias existem, incluindo a ideia de ‘eu mesmo’, ‘outros como eu’ e ‘mundo’, você pode
compreender a verdade de que existe uma Realidade, uma Verdade Suprema que é o Eu
Real de todo o mundo que você agora percebe, o Eu de todos os eus, o Real, o Supremo, o
Eu eterno, distinto do ego ou ser individual, que é impermanente. Você não deve confundir
o ego, ou noção de corpo, com o verdadeiro Eu.
Pergunta: Então o Bhagavan quer dizer que o Eu Real é Deus?
Nesta resposta o Bhagavan, como lhe era peculiar, voltou a discussão da teoria à
prática. Apesar de o presente capítulo como um todo ser dedicado à teoria, parece
apropriado continuar este diálogo para mostrar como a teoria era posta em prática.
B.: Você percebe a dificuldade disso? A auto-inquirição “Quem sou eu?” é uma
técnica diferente da meditação “Eu sou Shiva” ou “eu sou Ele”. Eu prefiro enfatizar o autoconhecimento,
porque você primeiro está preocupado consigo mesmo antes de querer saber
do mundo ou seu Senhor. A meditação “Eu sou Ele” ou “Eu sou Brahman” é mais ou
menos mental, mas a busca pelo Eu de que eu falo é um método direto, e de fato superior a
ela. Pois, na medida em que você começa a busca pelo eu e vai se aprofundando, o Eu Real
está lá esperando para lhe receber; então, o que quer que seja feito é feito por algo além, e
você, como ser individual, não é responsável por isso. Neste processo são automaticamente
abandonadas todas as dúvidas e discussões, assim como um homem que dorme esquece
todas as suas preocupações naquele momento.
A discussão que segue mostra como Bhagavan permitia que se discutisse livremente
as suas respostas quando o ouvinte não era convencido por elas.
Pergunta.: Que certeza existe de que há algo lá esperando para me receber?
B.: Quando a pessoa é suficientemente madura ela se convence disso naturalmente.
Pergunta: Como alcançar essa maturidade?
B.: Vários caminhos são ensinados. No entanto, qualquer que seja o desenvolvimento
prévio da pessoa, a prática ardente da auto-inquirição o acelera.
Pergunta: Mas isso é uma argumentação circular: eu sou forte o bastante para praticar a auto-inquirição
se eu sou maduro, e é a própria prática da auto-inquirição que me torna maduro.
Esta é uma objeção que aparecia frequentemente de uma forma ou de outra, e a sua
resposta mais uma vez enfatiza que o que é necessário é a prática e não a teoria.
B.: A mente tem dificuldade de entender isso. A mente quer uma teoria para se
satisfazer. Na verdade, entretanto, o homem que ardentemente busca a Deus ou ao seu Eu
verdadeiro não precisa de nenhuma teoria.1
Todos são o Eu Real e são, de fato, infinitos. No entanto, cada um confunde o seu
corpo com o Eu Real. Para se conhecer qualquer coisa precisa-se de uma iluminação, e esta
só pode ser da natureza da Luz – no entanto, ela ilumina tanto a luz física quanto a
escuridão física. Ou seja, esta Luz está além da luz e escuridão aparentes. Ela em si não é
nenhuma das duas, mas é chamada de Luz porque ilumina ambas. Ela é infinita e é
Consciência. A Consciência é o Eu do qual todos estão conscientes. Ninguém nunca está
afastado do Eu Real, e portanto todos são de fato Auto-Realizados; o que acontece é que –
e este é o grande mistério – as pessoas não têm consciência disso e buscam realizar o Eu
Real. A Realização consiste apenas em se libertar da falsa noção de que não somos
realizados. Não é nada novo a ser adquirido. Ela deve já existir, caso contrário ela não seria
eterna, e apenas vale a pena se esforçar pelo que é eterno.
Uma vez que a falsa visão “eu sou o corpo” ou “eu não sou realizado” for removida
apenas a Consciência Suprema ou Eu Real permanece, e é isso o que as pessoas chamam
de “Realização” no seu estado atual de conhecimento. Mas a verdade é que a Realização é
eterna e já existe aqui e agora.
A Consciência é conhecimento puro. A mente surge dela e é constituída de
pensamentos.
A essência da mente é apenas atenção ou consciência. Entretanto, quando o ego nubla
a mente, esta adota as funções de raciocínio, pensamento e percepção. A mente universal,
não sendo limitada pelo ego, não tem nada exterior a si, e portanto ela é apenas
consciência. É isso o que a Bíblia quer dizer com “EU SOU O QUE EU SOU”.
A mente que é dominada pelo ego tem sua força drenada e por isso é muito fraca para
resistir a pensamentos perturbadores. A mente sem ego é feliz, como nós percebemos no
sono profundo, sem sonhos. Portanto, claramente se percebe que perturbação e felicidade
são apenas estados da mente.
Os ensinamentos de Ramana em suas próprias palavras.
Pergunta: O Bhagavan muitas vezes diz: “o mundo não é exterior a você” ou, “tudo depende
de você”, ou “o que existe fora de você?” Para mim isso tudo é muito enigmático. O
mundo existia antes de eu nascer e vai continuar a existir depois da minha morte, assim
como continuou a existir depois da morte tantos que viveram antes de mim.
B.: Alguma vez eu disse que o mundo existe por sua causa? Eu apenas lhe coloquei a
questão ‘o que existe além de você mesmo?’ Você deve compreender que ‘você mesmo’
não se refere ao corpo físico nem ao corpo sutil, mas ao Eu Real.
O que lhe foi dito é que uma vez que você conheça o Eu Real dentro do qual todas as
ideias existem, incluindo a ideia de ‘eu mesmo’, ‘outros como eu’ e ‘mundo’, você pode
compreender a verdade de que existe uma Realidade, uma Verdade Suprema que é o Eu
Real de todo o mundo que você agora percebe, o Eu de todos os eus, o Real, o Supremo, o
Eu eterno, distinto do ego ou ser individual, que é impermanente. Você não deve confundir
o ego, ou noção de corpo, com o verdadeiro Eu.
Pergunta: Então o Bhagavan quer dizer que o Eu Real é Deus?
Nesta resposta o Bhagavan, como lhe era peculiar, voltou a discussão da teoria à
prática. Apesar de o presente capítulo como um todo ser dedicado à teoria, parece
apropriado continuar este diálogo para mostrar como a teoria era posta em prática.
B.: Você percebe a dificuldade disso? A auto-inquirição “Quem sou eu?” é uma
técnica diferente da meditação “Eu sou Shiva” ou “eu sou Ele”. Eu prefiro enfatizar o autoconhecimento,
porque você primeiro está preocupado consigo mesmo antes de querer saber
do mundo ou seu Senhor. A meditação “Eu sou Ele” ou “Eu sou Brahman” é mais ou
menos mental, mas a busca pelo Eu de que eu falo é um método direto, e de fato superior a
ela. Pois, na medida em que você começa a busca pelo eu e vai se aprofundando, o Eu Real
está lá esperando para lhe receber; então, o que quer que seja feito é feito por algo além, e
você, como ser individual, não é responsável por isso. Neste processo são automaticamente
abandonadas todas as dúvidas e discussões, assim como um homem que dorme esquece
todas as suas preocupações naquele momento.
A discussão que segue mostra como Bhagavan permitia que se discutisse livremente
as suas respostas quando o ouvinte não era convencido por elas.
Pergunta.: Que certeza existe de que há algo lá esperando para me receber?
B.: Quando a pessoa é suficientemente madura ela se convence disso naturalmente.
Pergunta: Como alcançar essa maturidade?
B.: Vários caminhos são ensinados. No entanto, qualquer que seja o desenvolvimento
prévio da pessoa, a prática ardente da auto-inquirição o acelera.
Pergunta: Mas isso é uma argumentação circular: eu sou forte o bastante para praticar a auto-inquirição
se eu sou maduro, e é a própria prática da auto-inquirição que me torna maduro.
Esta é uma objeção que aparecia frequentemente de uma forma ou de outra, e a sua
resposta mais uma vez enfatiza que o que é necessário é a prática e não a teoria.
B.: A mente tem dificuldade de entender isso. A mente quer uma teoria para se
satisfazer. Na verdade, entretanto, o homem que ardentemente busca a Deus ou ao seu Eu
verdadeiro não precisa de nenhuma teoria.1
Todos são o Eu Real e são, de fato, infinitos. No entanto, cada um confunde o seu
corpo com o Eu Real. Para se conhecer qualquer coisa precisa-se de uma iluminação, e esta
só pode ser da natureza da Luz – no entanto, ela ilumina tanto a luz física quanto a
escuridão física. Ou seja, esta Luz está além da luz e escuridão aparentes. Ela em si não é
nenhuma das duas, mas é chamada de Luz porque ilumina ambas. Ela é infinita e é
Consciência. A Consciência é o Eu do qual todos estão conscientes. Ninguém nunca está
afastado do Eu Real, e portanto todos são de fato Auto-Realizados; o que acontece é que –
e este é o grande mistério – as pessoas não têm consciência disso e buscam realizar o Eu
Real. A Realização consiste apenas em se libertar da falsa noção de que não somos
realizados. Não é nada novo a ser adquirido. Ela deve já existir, caso contrário ela não seria
eterna, e apenas vale a pena se esforçar pelo que é eterno.
Uma vez que a falsa visão “eu sou o corpo” ou “eu não sou realizado” for removida
apenas a Consciência Suprema ou Eu Real permanece, e é isso o que as pessoas chamam
de “Realização” no seu estado atual de conhecimento. Mas a verdade é que a Realização é
eterna e já existe aqui e agora.
A Consciência é conhecimento puro. A mente surge dela e é constituída de
pensamentos.
A essência da mente é apenas atenção ou consciência. Entretanto, quando o ego nubla
a mente, esta adota as funções de raciocínio, pensamento e percepção. A mente universal,
não sendo limitada pelo ego, não tem nada exterior a si, e portanto ela é apenas
consciência. É isso o que a Bíblia quer dizer com “EU SOU O QUE EU SOU”.
A mente que é dominada pelo ego tem sua força drenada e por isso é muito fraca para
resistir a pensamentos perturbadores. A mente sem ego é feliz, como nós percebemos no
sono profundo, sem sonhos. Portanto, claramente se percebe que perturbação e felicidade
são apenas estados da mente.
Os ensinamentos de Ramana em suas próprias palavras.
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