Pular para o conteúdo principal

O início da busca, o reconhecimento e a Realização.

Kavish:
Bom dia.
Veet, podes falar um pouco sobre os mecanismos sutis da ideia de um "eu separado"
que quer saber o que é Reconhecer a Real Natureza?
Percebo aqui, e também em muitas falas em Satsang, esse fundo que é uma sensação
de falta e um senso, muitas vezes mental, em querer apreender uma ideia do que seria
"se eu estivesse finalmente livre".

Há várias nuances de histórias que se passam por uma verdadeira e honesta investigação.
Ainda sendo uma investigação do 'eu' separado muito sutil, a mente se camufla
(não sei se é uma boa palavra), e por trás há sempre um interesse pessoal de se libertar
e isso persiste até que se dê conta de que há um fluxo de atenção e investigação já sendo
feito e visto pela própria consciência e atenção viva.
Pode falar sobre isso?
Veetshish:
Bom dia!
Muito preciosa a percepção que vem da fala do Kavish.
Quando ela se torna reconhecida, quando a raiz sutil do "eu" que busca e quer encontrar "algo" está desmascarada frente à luz do conhecer, esta base do funcionamento do ego, do eu separado e, portanto, inseguro coloca-se no lugar devido: um mecanismo de reação que vem da identidade com o corpo-mente.

Este condicionamento de reação está registrado em cada organismo. De um mecanismo orgânico, torna-se um mecanismo psicológico. A ideia de indivíduo cresce e, com ela,
os medos e sofrimentos, os orgulhos e as alegrias passageiras.
Um estado mental de posse dos pensamentos e sentimentos faz o mundo pessoal, um mundo cheio de problemas, dúvidas e certezas, ideologias e defesas e críticas.
Assim é gerada a angústia básica do ser humano.

E a busca pela paz se instala e começa a peregrinação.

Na Investigação Não Dual, o ensinamento se repete, sempre direcionando para a mesmo saber: que tudo que parece "seu" e tudo com o que você constrói sua identidade pessoal nada mais é do que objetos, fenômenos observados. Este vislumbre já é libertador da camada mais grosseira das identificações inconscientes!
Porém, ao investigador cuidadoso, mesmo esta sensação de libertação é um fenômeno.
E o apontar continua convidando: não pare tão cedo!...

A casa é a mente radiante, consciência sem atributos, vaziez luminosa (e todos estes nomes que apenas invocam o espaço sem-lugar que é a Fonte e é cada coisa, cada experiência, cada estória
e cada manifestação e toda não manifestação ao mesmo tempo, sem separação e sem contradição!)

Os apegos são reflexos dos antigos medos e inseguranças de se sentir separado do todo.
Querer a iluminação "para si" é, no início, tudo o que é possível de se vislumbrar.
Deixar ir tudo, tudo mesmo, é o processo de estabelecimento na Verdade Pura e duradoura.

Dedicar-se, com fogo vivo de saber que a Verdade é inescapável, abre a porta para que Isso, que não pode ser adquirido nem perdido vá tomando conta definitivamente! 
 
 
 
 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A AUSÊNCIA DE DESEJOS, A MAIOR BEM-AVENTURANÇA - Texto por NISARGADATTA MAHARAJ

A AUSÊNCIA DE DESEJOS, A MAIOR BEM-AVENTURANÇA Texto por NISARGADATTA MAHARAJ Pergunta: Encontrei-me com muitas pessoas realizadas, mas nunca com um homem liberado. Você já conheceu algum homem liberado, ou a liberação significa, entre outras coisas, abandonar também o corpo? Maharaj: O que você entende por realização e liberação? P: Por realização quero dizer uma experiência maravilhosa de paz, bondade e beleza, quando o mundo faz sentido e há uma unidade que a tudo permeia de substância e essência. Apesar de tal experiência não durar, não pode ser esquecida. Brilha na mente como recordação e desejo. Sei do que estou falando porque tenho tido tais experiências. Por liberação quero dizer estar permanentemente neste estado maravilhoso. O que pergunto é se a liberação é compatível com a sobrevivência do corpo. M: O que está errado com o corpo? P. O corpo é muito débil e de breve duração. Cria necessidades e desejos. Limita-nos dolorosamente. M: E daí? Que as expressões físicas sejam l...

Quem sou eu? Texto por Sri Ramana Maharshi

Quem sou eu?               Sri Ramana Maharshi (oferecido por Felipe Ubaldo)    Eu não o corpo físico, composto de sete humores (dhatus). Eu não sou os cinco sentidos (audição, toque, visão, paladar e olfato), que apreendem seus objetos respectivos (som, sensação, forma, gosto e cheiro). Eu não sou os cinco órgãos da ação: fala, locomoção, manipulação, excreção e procriação, com suas respectivas funções (falar, movimentar, segurar, expelir e desfrutar). Eu não sou as cinco energias vitais (prana, etc), que executam as cinco funções de inspiração, etc. Eu não sou nem mesmo a mente que pensa. Eu não sou o estado de incognoscibilidade, no qual restam apenas as impressões residuais dos fenômenos, e no qual não há nem fenômenos nem atividade. Se eu não sou nada disso, então quem sou eu?    Depois de negar tudo o que foi mencionado como “não isto”, aquela Consciência que permanece por si só – eu ...

Ainda Buscando? - Texto por Gilbert Schulz 💚🙏

Ainda Buscando? - Texto por Gilbert Schulz 💚🙏 Você pode ser novo nessa cena de Não-dualidade ou você pode ter estado próximo dela por um longo tempo. Isso não importa realmente. Se você ainda está buscando, significa que você perdeu o núcleo da Mensagem. Ela deve atingi-lo com uma ressonância e isso acontecerá se você estiver aberto. Essa parte é com você. Alguns requerem uma devastação para abri-los, mas isso não é necessário. Como um tipo de exercício, eu sugiro que você vá ao espelho mais próximo e dê uma boa olhada em seu reflexo. Então pergunte a si mesmo, você realmente quer ser livre? Seu reflexo não te responderá. Você não espera que ele o faça. Contudo você espera que o espelho em sua mente responda todas as suas ordens. A mente apenas reflete ‘o que é’. Ela interpreta o que é visto e adiciona elaborações e distorções às imagens. O que quer que apareça conceitualmente na mente não é o que você é. Olhe dentro do espaço aberto para além do que quer que surja na mente. Olhe a...